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Museu Histórico de Rio Branco do Sul

Categoria:

Lugar

Descrição

A historiadora Emília Viotti da Costa certa vez disse que “um povo sem memória é um povo sem história”. O prédio onde hoje se encontra o Museu Histórico Municipal de Rio Branco do Sul trouxe à sua população justamente este suporte, não há como dirimir novos rumos, se ao olharmos para trás, temos a necessidade de conhecer nossas origens, ou os passos que foram tomados por quem veio antes de nós. Sem essa cultura memorial, perdemos nossos laços, e nosso sentimento de pertença acaba por deturpar-se. O edifício em questão foi desde sua construção, palco dos acontecimentos de maior importância para nosso
povo e para a formação e estruturação do município tal qual ele é na atualidade.

História

Para compreender o valor deste patrimônio, precisamos voltar à meados da década de 1930, onde a Vila de Rio Branco gozava de status municipal. Sua emancipação política havia ocorrido no ano de 1871, sendo desmembrado do município de Curitiba através da Lei Provincial N° 255. Porém, a sede municipal encontrava-se em outro local, Votuverava, a denominação municipal da época constava da mesma.

Em 1908, a sede municipal migrou para a localidade da Rocinha (atual sede municipal) onde então, recebeu o nome de Vila Rio Branco. Todavia, desde a data de emancipação até a transferência da sede, os serviços do poder Legislativo e Executivo ocorriam dentro das dependências da Igreja de Nossa Senhora do Amparo de Votuverava. Após a transferência da sede municipal, estes serviços foram concentrados em residências alugadas, na então Vila de Rio Branco.

No ano de 1938, por meio do Decreto-Lei Estadual N° 7573, o Município de Vila Rio Branco foi extinto, legislativo e Executivo dissolvidos e todo o território foi incorporado ao município vizinho Cerro Azul, onde permaneceu com status de Distrito e foi rebatizado como Distrito de Votuverava.

Em 1947, em razão da Lei Estadual N° 02, de 10 de outubro, o Distrito de Votuverava recebe mais uma vez foro municipal, sendo a instalação e restauração da Unidade Municipal Autônoma, ocorrendo no dia seguinte (11 de outubro de 1947) e recebendo por denominação final de Rio Branco do Sul. Com o Município recém-emancipado, ergue- se a necessidade de um local adequado para atender a demanda populacional. O então prefeito eleito, Octavio Furquim (1° prefeito municipal eleito na segunda emancipação política de 1947 até 1951), no uso de suas atribuições, determinou a construção do então “Centro” do poder Legislativo Municipal, e o povo de Rio Branco Sul por sua vez, conta com sua Primeira
Prefeitura em sede Própria (visto que as outras eram provisórias em residências alugadas e no período histórico compreendido como primeira emancipação política que por sua vez, teve término em 1938).

A partir desde ponto, sabemos da História da edificação propriamente dita, já que a mesma teve por motivo de sua construção uma finalidade característica.

Desde o ano de sua edificação, a própria foi destinada aos serviços voltados para o setor público, sendo Prefeitura Municipal até o ano de 1986. Neste ano, o Poder Legislativo contou com nova sede própria, na Rua Generoso Marques (hoje Horacy Santos). A mudança do Paço Municipal se deve ao Município de Rio Branco do Sul ser elevado à categoria de Comarca, sendo este separado da comarca de Curitiba no ano de 1982. Já o poder Judiciário, necessitava de um local adequado para a realização das funções. Neste sentido, o senhor Áureo Gomes da Silva, prefeito no ano de instalação da comarca (1986), realiza os tramites para que o então edifício, que anteriormente funcionava a prefeitura Municipal, passe a ser
o Fórum Municipal.

No dia 22 de maio de 1986 foi realizado o Memorial Descritivo da Planta de Subdivisão do Terreno de propriedade do Município de Rio Branco do Sul – PR. O agrimensor, Gildo Pinheiro da Luz, foi o responsável por executar as medições do terreno onde se encontrava o edifício destinado ao Fórum. Gildo realiza então, a separação do terreno nos lotes A e B. Fica então, o lote A, destinado ao Poder Judiciário e que contava, dentro de suas limitações, com o edifício, e o Lote B, compreendendo ao terreno onde hoje se encontra a prefeitura Municipal de Rio Branco do Sul.

No dia 26 de agosto do ano de 1986, foi lavrada a identificação do imóvel, no Cartório de Registros de Imóveis, localizado na Rua Coronel Carlos Pioli, 440, sobre Registro Geral 001 e Matrícula Nº 2805. Nele constam as informações métricas, realizadas pelo Agrimensor Gildo Pinheiro da Luz, com as devidas
separações limítrofes entre os Lotes A e B. No mesmo documento, consta sobre a doação do Lote A, com a Edificação onde hoje se encontra o Museu. A doação ocorreu oficialmente no dia 10 de outubro de 1986, onde, em próprio documento consta que o imóvel foi doado ao Estado do Paraná, sem valor declarado e sem condições. Data final de registro de doação consta como 17 de outubro de 1986. Durante este período, foi expedido pela Câmara Municipal de Rio Branco do Sul, no dia 11 de setembro de 1986, a Lei N° 278/86, onde o Poder Legislativo autoriza o Prefeito Municipal Áureo Gomes da Silva a realizar a transferência do bem patrimonial, juntamente com o terreno onde o mesmo se encontra, ao Tribunal de Justiça do Paraná. Tal documento foi publicado sobre N° 562, Folha 06, no dia 20 de setembro de 1986, pela Tribuna dos Minérios (antes dos municípios possuírem acesso ao Diário Oficial Municipal, as Leis, Portarias e Decretos
Municipais eram todos publicados na Tribuna dos Minérios. Jornal de circulação pública).

De 1986 a 2003, o edifício abrigou o Fórum e todos os serviços a ele voltados. Porém, no ano de 2003, ouve um incêndio em suas instalações, sofrendo grandes avarias pelas chamas. Com isso, o poder judiciário instaurou processo de construção para o novo Fórum, situado no mesmo terreno, que fora doado pela prefeitura no ano de 1986.

Acontece que o antigo prédio, atingido pelo fogo, encontrava-se em ruínas e bem à frente do local em que foi construída a nova edificação, e alguns cogitaram a sua demolição em vista de dar o espaço a um estacionamento para o novo Fórum. Ao saberem disso, membros da comunidade agiram de imediato para
conter a destruição do bem, de modo que constituíram o primeiro COMPAC da cidade. Primeira lei de que dispõe sobre a proteção e preservação do Patrimônio Cultural e Natural do município de Rio Branco, criada no dia 23 de junho do ano de 2003, sob N° 609, para justamente, poder viabilizar o tombamento do imóvel,
que naquele momento, tinha grandes chances de ser “posto abaixo”. Com a homologação da Lei, personalidades da comunidade rio-branquense se reuniram no dia 06 de maio de 2004, com a presença dos conselheiros, para votação do processo 001/2004, onde seria esplanada a proposta de tombamento do que hoje compreendemos como Museu Histórico de Rio Branco do Sul. Por unanimidade, o projeto foi aceito, votado, de modo que o imóvel foi tombado, tornando-se o primeiro preservado, por tal mecanismo de proteção do Patrimônio Cultural e Natural do município. A promulgação do ato de tombamento e o registro aconteceram no dia 07 de maio de 2004.

Após o tombamento, foi solicitada ajuda, por parte de todos os munícipes, para as obras de restauro e reconstrução do prédio, processo esse que foi de fato iniciado no ano de 2007 (porém, é possível constatar, pelas Atas do COMPAC, de que neste ano, o prédio ainda se encontrava em decadente declínio e sem as obras necessárias, das quais dependia para sua reutilização. Pode-se também notar que houve, neste ano, novo impasse sobre a permanência do prédio no local, uma vez que poder judiciário já havia manifestado o desejo de realizar a construção do estacionamento).

À medida com que a reforma demorava, mais degradado ficava o edifício. Para que o ficasse disponível no dia da inauguração do novo Fórum, a equipe de coordenadoria de Cultura do ano de 2007 (que na época o setor de Cultura era subordinado a Secretaria de Educação Municipal), convocou toda a população
para a ajuda na reconstrução. Foi realizada campanha de doação de materiais para empresários e comerciantes locais, os quais estão com seus nomes dispostos em uma placa que se encontra até os dias atuais dentro das dependências do Museu. Sobre o processo de restauração, foi realizado um estudo, observando o ato de tombamento, para saber como proceder com as intervenções no bem. É nesse ponto da história do Museu, onde as características que já não eram originais, pois o próprio prédio já havia passado por várias adequações antes do incêndio, sofreram ainda mais descaracterizações. O piso, que era composto por tacos de madeira de peroba, fora substituído por um piso de cerâmica. O forro, que era paulista e trabalhado, foi substituído por forro simples de madeira de pinus. O mesmo destino teve também as luminárias, portas, e até mesmo subdivisões internas, que foram alteradas. O ponto de altitude do telhado não foi observado, sendo o mesmo reconstruído com altura inferior a devida, pois para o
assentamento de telhas francesas, é necessário que a inclinação seja de ao menos 45°, o que não estava contemplado no novo projeto.

No entanto, como foram todas doações da comunidade, arrecadadas aos poucos, e sem a realização de um trabalho direcionado por indivíduos tecnicamente formados, a edificação apresenta até os dias atuais complicações estruturais. Foram nuances e detalhes que deixados de lado, como por exemplo o forro em modelo paulista (uma vez que o mesmo conta em registro de Ata N°01/2008, o pedido de que ao menos uma das salas pudesse ser mantida como era originalmente). Com base nos relatos dos munícipes à época, era uma verdadeira “corrida contra o tempo”, pois a prioridade era manter o prédio erguido e ativo. Desta maneira, as reformas e restauros obedeceram a duas questões de maior peso na época, devolver o edifício o mais rápido possível para o uso comunitário, e o melhor custo-benefício, uma vez que o prédio foi inteiro refeito a partir de doações.

Realizadas as obras de restauro e reforma (que não seguiram padrões históricos), o prédio foi reaberto ao público no dia 04 de julho do ano de 2008, quatro manos após a aprovação do processo de tombamento. Segundo o Jornal de circulação local, Raio X, em sua edição de N° 154, propagado e distribuído no dia 30 de julho de 2008, cita que a inauguração do Museu, contou a participação massiva da comunidade, uma vez que foi a própria comunidade que “colocou a mão na massa” para que esse edifício pudesse de fato, retornar à ativa. No jornal em questão, cita-se também a relação histórico-afetiva que os rio-branquenses
possuem deste bem, uma vez que o mesmo está inserido na lembrança dos munícipes. Seus laços afetivos e sentimentais estão ligados a esta construção, já que a mesma “nasceu” junto com Rio Branco do Sul (a partir da segunda emancipação sociopolítica que o município teve seu nome sobre a alcunha de “Sul”. Na primeira emancipação a cidade chamava-se de Vila Rio Branco) memórias essas que fazem e desenvolvem nosso sentimento de pertença a este local. Lembranças e memórias são parte primordial em cada munícipe, para que possam se reconhecer como rio-branquenses.

Significados

O prédio abrigou a primeira Prefeitura da segunda emancipação política, o primeiro Fórum, e hoje corrobora para manter viva a memória e história de nosso povo, além de ser Centro Cultural, contribuindo para a formação dos rio-branquense.

Informações adicionais

Localização

R. Cel. Carlos Pioli, 53 - Rio Branco do Sul, PR, 83540-000, Brasil

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